sexta-feira, 3 de junho de 2011

Artigo: Continuísmo da Discórdia

Artigo do jornalista Newton Sobral publicado no Jornal A Tarde, nesta quinta-feira (02/06/2011)

O deputado Marcelo Nilo, presidente da Assembleia Legislativa (AL) pela terceira vez consecutiva, é, sem dúvida, o pomo da discórdia no aparentemente tranqüilo cenário político baiano. Suas exigências no processo de divisão dos cargos estaduais, conduzido pelo secretário de Relações Institucionais, Cezar Lisboa, motivou firme reação do líder do PT na AL, deputado Yulo Oítícica, em recente entrevista na qual garante: "Nós teremos um novo presidente no próximo biênio".


Oítícica dá um chega para lá em Nilo, ao afirmar que ele "não é um deputado especial, é um deputado de uma bancada" (PDT). E após colocá-lo em seu devido lugar, insinua oportunismo e inexistência de qualquer compromisso na sua adesão ao governo do PT: "Naturalmente a vinda só para querer ter uma parte do bolo é muito prejudicial, pois essa é a tática da barganha, da chantagem, e isso é muito ruim, mas o que tem sido positivo é que o debate tem sido em torno de um projeto".

O líder deixa claro que ele, e certamente muitos outros petistas, não veem com bons olhos o fato de Nilo, oriundo do PSDB, que sempre fez oposição a Lula, ser presidente da Assembleia e ainda gozar de privilégios na nomeação das "autoridades". E argumenta: "A Bahia hoje está dividida em 26 territórios de identidade. Dentro desses 26 territórios, em 24 o PT ganhou as eleições". Além disso, "se for definir por deputado, o PT também é a maior bancada, nós somos 14, quase um quarto da quantidade, tendo em vista que somos 63 no total". O peso do voto, segundo ele, deve ser prioritário nas indicações.

O fato é que Nilo montou um esquema político do qual o governador Jaques Wagner ficou, praticamente, refém. Ele domina a Assembleia e, pelo visto, prepara-se para um quarto mandato. Não interessa ao governador, é óbvio, ter problemas no seu relacionamento com o Legislativo. Wagner deve estar lembrado de como Lula se dobrou a Sar-ney para não perder as boas graças do Senado. Assim, em posição privilegiada graças ao continuísmo, Nilo acha-se no direito de ter uma fatia maior do bolo. O PT reage...
 
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